NWRA apresenta experiência da erradicação de lixões
Os dirigentes da National Waste & Recycling Association (NWRA) foram os convidados de honra do Seminário Internacional de Resíduos Sólidos. Na ocasião, eles detalharam como os Estados Unidos conseguiram vencer diversos desafios ambientais e erradicar os mais de 20.000 lixões de seu território.
O presidente da NWRA, Darrell Smith, lembrou que houve um forte movimento em busca do desenvolvimento sustentável entre as décadas de 1960 e 1970, o que promoveu um grande desenvolvimento do setor no seu país. Para responder ao dinamismo da economia americana, a competição no mercado de resíduos estimula inovações, o que faz com que o setor privado seja responsável por 50% da coleta e tratamento dos resíduos sólidos domésticos e 80% dos resíduos industriais, possuindo uma folha de pagamento da ordem US$ 21 bilhões anuais. “Esta é uma indústria que lucra, fazendo a coisa certa em prol do meio ambiente e da saúde das pessoas, contribuindo para a qualidade de vida de todos”, frisou.
As regulações e legislações que impulsionaram o setor foram detalhadas pelo VP de Relações Institucionais da entidade, James Riley. Ele lembrou que Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA) iniciou suas atividades em dezembro de 1970. Antes disso, nada era regulado pelo governo federal. Nos anos e décadas seguintes, uma série de leis entraram em vigor a fim de resolver o problema envolvendo resíduos sólidos. “O mais importante é que a estrutura regulatória americana obriga o chamamento das partes interessadas na construção das normas. Uma nova regulação não pode ser feita no vácuo ou a critério próprio do governo, sem ouvir a sociedade e contar com as contribuições técnicas dos setores abrangidos”.
A diretora de assuntos técnicos e regulatórios da NWRA, Anne Germain, apresentou o cenário de resíduos sólidos nos EUA hoje, país cujas dimensões continentais, baixa densidade demográfica e distribuição territorial de pequenos municípios se assemelham às do Brasil. Por isso, desafios logísticos para dar conta dos resíduos são similares, com forte apelo às soluções regionais em busca da necessária economia de escala. De acordo com ela, a composição do material descartado é um desafio que não possui uma solução fácil. Hoje, 26% do material é reciclado, 9% vai para a compostagem, 52% é aterrado e 13% é usado para a geração de energia.
“Nossa atuação é baseada em três cuidados principais, assim ordenados. Primeiramente, olhamos para a saúde das pessoas. Em segundo lugar, temos a preocupação com o meio ambiente. E, finalmente, buscamos conservar os recursos naturais”. Anne explicou que os resíduos mudam de característica com o tempo, razão pela qual os aterros sanitários têm um papel fundamental, tanto para absorver a pressão diária habitual dos rejeitos quanto para amortecer a pressão adicional de resíduos nos períodos de transição entre as tecnologias de tratamento. “Hoje, em função da restrição crescente ao uso de trituradores, a maior parte são de resíduos orgânicos. Logo após, em razão do e-commerce, seguem-se o plástico e o papelão das embalagens, que representa a maior parcela do que é reciclado”.
Após a apresentação, juntaram-se à mesa o presidente da ABETRE, Luiz Gonzaga, na qualidade de moderador; o empresário e ex-deputado relator da PNRS, Emerson Kapaz, o Promotor de Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul, Luciano Loubet, e o professor especialista em áreas contaminadas, Rafael Derrite, que, na condição de debatedores, falaram sobre a legislação no Brasil e como o case norte-americano pode servir de exemplo para o Brasil.